quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A novidade era o máximo

Do paradoxo estendido na areia...




Comecei a falar sobre o tempo e fui desenvolvendo. Só consegui falar do tempo. Então, dediquei a postagem anterior somente a ELE! E deixei a novidade para este texto.

O fato é que a grande novidade está inteiramente relacionada ao tempo que o tempo tem. Não dá para fugir disso, mas também não dá para escondê-la por muito... tempo!

Bebel aprendeu a sentar sozinha!

Do alto dos seus 2 anos e 6 meses, ela finalmente aprendeu a sentar sem ajuda de um adulto! Não existem palavras capazes de descrever a minha felicidade. Por mais que uma criança comece a fazer isso por volta dos 6 meses, ela conseguir realizar esta ação mesmo com dois anos de atraso é algo muito importante e ajuda um tanto para sua independência!

Ela ainda não senta da maneira correta. Posso dizer que ela deu o seu jeito para conseguir fazer algo que ela muito queria. Igualzinho como aconteceu com a sucção.

Mas - verdade seja dita - ela faz por vontade própria e sem ajuda!

Deita de bruços, ajeita as perninhas em posição de sapinho (aliás, que flexibilidade!) e vai empurrando os bracinhos até se ajoelhar - com os joelhos para dentro, em forma de "w", o que não é nada recomendado pelos fisioterapeutas e ortopedistas. Permanece um pouco nessa posição com a maior cara de felicidade e aos poucos faz uma transferência para a posição de "buda". Confesso que isso me deixa um tanto aflita, pois parece que suas permas vão deslocar. Sempre que tenho tempo hábil, auxilio a transferir da maneira correta, através da posição de "sereia".

Esta ação partiu totalmente dela. É claro que a estimulação precoce tem sua participação. Mas digo que neste momento ela não está fazendo muitas atividades e, mesmo assim, com a memória corporal de tudo o que foi trabalhado até agora, ela conseguiu dar mais este passo na evolução.

Os olhos se enchem de lágrimas e o peito de orgulho. "Tudo vale a pena se a alma não é pequena" e respeitar o tempo que o tempo tem faz toda a diferença. Assim, quando menos se espera, quando já se está mais desacreditado do que nunca, vem uma novidade dessas. Por mais paradoxal que seja, a novidade é o máximo!

Veja o passo-a-passo da mais nova conquista da Izabel:

Deitada de bruços, ela chega até esta posição.


Começa a colocar força no braço e fazer um movimento de extensão.


Ela ganha o movimento ao se sentir confiante e levantar o tronco.


Fantástico, não?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O tempo que o tempo tem


'O Tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o Tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo, tempo tem'


Esse trava-linguas fez parte da minha infância e de muitas outras pessoas da minha faixa etária. Servia de lição de casa e eu, particularmente, adorava. Além de incitar uma reflexão sobre a questão do tempo, brinca de forma lúdica levando as crianças a entenderem que o tempo é que determina as nossas ações. Ou seria o inverso?

Quando se fala de crianças especiais a relatividade do tempo só tende a aumentar. E nós, mamães, somos o principal alvo desta contraditória relação temporal entre o homem (no caso, nossos filhos) e suas ações.

É muito bonito compreender que cada pessoa tem seu próprio tempo para toda e qualquer coisa na vida. Evolução, ação, reflexão, aceitação e por aí vai... Mas na prática, não é bem assim que funciona. Quando as coisas não andam no nosso ritmo, logo questionamos o tempo alheio.

Neste universo especial - que vos convido a participar em cada postagem escrita neste blog - o tempo deve ser tratado com mais respeito. Digo isso por nossas crianças. Digo isso por nós mesmos!

É um erro muito grande tentar ajustar nossos filhos ao tempo de crianças que não passaram por nada do que eles passaram, apesar de ser essa a nossa maior busca, através das terapias de estimulação precoce. É contraditório, pois ao mesmo tempo (olha o nosso amigo aqui de novo) que devemos fazer de tudo para que eles consigam atingir a tal da idade biológica e equilibrar maturidade física e cognitiva, devemos entender que não podemos exigir tanto assim dos nossos pequenos seres. Temos que respeitar e aceitar que por mais que a gente tente, eles terão seu próprio tempo...

Uma das coisas que eu sempre ressaltei em relação ao lado positivo de ser uma mãe especial (isso mesmo, eu sempre arranjo uma saída positiva) é o fato de termos mais TEMPO para admirar e curtir certas coisas. A outra coisa que eu faço questão de evidenciar é que apesar de todas as dificuldades, comemoramos cada pequena conquista como se fosse uma grande vitória. E de fato, cada pequena conquista de uma criança com PC, ou qualquer outra necessidade especial, é uma grande vitória... Para a criança, para os terapeutas e para a família.

Continua...
Essa reflexão sobre o tempo se conclui na postagem a seguir, que eu espero conseguir escrever quando voltar do trabalho...