quarta-feira, 30 de maio de 2012

Como compreender a Bebel?

Comunicação é a única alternativa... Comunicação Alternativa!

O "sim" e o "não" da Bebel são muito claros para mim. Para terceiros nem tanto, mas com algumas tentativas outras pessoas conseguem compreendê-la. O mais difícil nesta comunicação que por si só já é alternativa (afinal de contas a Bebel não fala) é compreender o que ela está sentindo, o que ela prefere, o que ela deseja fazer. Daí a necessidade de buscar apoio especializado.

Há cerca de um ou dois meses escrevi um post comentando sobre a necessidade da Bebel se fazer entender. Falei um pouco sobre a comunicação alternativa, mas com pouquíssimo conhecimento de causa. Estava buscando auxilio, tentei algo com uma estudante de pedagogia (mediadora escolar), mas por conta da inexperiência e das dificuldades da Bebel achamos melhor parar e continuar a busca pelo profissional adequado a este momento.

Eis que ouvi falar muito, mas muito bem da Miryam Pelosi. Olha o "network" aí de novo... Ano passado, durante o "intensivão" de Medek na casa da Dani (Ramón, me desculpe, mas eu batizei de "intensivão". É o jeitinho carioca gostoso de apelidar as coisas...) a Suzane - que Hoje é uma das T.O.s da Izabel - estava observando as crianças e dando um help, orientando as mães naquilo que ela podia ajudar, me falou que eu não deveria perder tempo. Que a Izabel tem um potencial enorme, que ela pode desenvolver formas alternativas de comunicação, principalmente por causa da manifestação dela sobre aquilo que a cerca. Ela levou uma prancha de comunicação alternativa e me orientou a fazer uma para a Bel. De cara ela me falou que era trabalhoso, mas que valeria a pena.

A Tina, fono da Bel, já tinha começado a trabalhar "alguma" comunicação desde o início de 2011 no consultório. Mostrava figuras, trabalhava percepção, escolhas, muito superficialmente, afinal de contas temos apenas 1 horário por semana com ela. Mas ela havia enviado umas figuras usadas em pranchas de comunicação para a Adriana, mãe do Antônio Pedro, que em uma das trocas de e-mails me enviou as figuras. Assim iniciei a nossa prancha. Mas o negócio não pegou muito bem aqui em casa. As divisórias de fichário que comprei são moles, colei os velcros adesivos aleatoreamente, não tirei fotos de todos os familiares, lugares e brinquedos... E por aí vai...

A mesma Adriana comentou comigo há duas semanas que tinha levado o Antônio Pedro na "tal" Miryam e que estava gostando muito. No dia seguinte, a Gabi ("home" fisio da Bel) chegou aqui em casa dizendo que havia levado no dia anterior um paciente na Miryam Pelosi para pegar orientações e que tinha adorado, ela é muito sensível, seria interessante começar a pensar nisso para a Bel e etc, etc, etc...

Claro que na mesma hora peguei o telefone da terapeuta e liguei para marcar a consulta. Dei muita sorte, pois, acho que isso foi numa sexta-feira, e ela tinha horário vago para avaliar a Bel na segunda. E lá fomos nós (Eu, Bel, Fabi e Gabi - que graciosamente não só nos acompanhou na consulta como nos deu uma super carona!) para o Cittá America...

Adoramos a avaliação. Izabel se saiu super bem. Demonstrou algum interesse pela brincadeira proposta e escolheu as figuras correspondentes àquilo que queria expressar. E a sorte maior ainda: conseguimos o horário! E mais: horário de contra-fluxo! Muitas novidades positivas para um só dia. Voltamos exultantes.

Essa semana a Bel já voltou na Miryam. O trabalho neste momento será em cima das escolhas da Bel. Para ela entender que ela pode (e deve) fazer escolhas e que será responsável por elas. Ex.: o brinquedo que ela colocar a mão é o que ela vai ter disponível para brincar. Normalmente com essas crianças nós ficamos tentando acertar o que elas querem quase numa adivinhação constante. Isso acaba acomodando as crianças, pois não são estimuladas a desenvolver todo seu potencial e desgastando o adulto que se desdobra para entender o que a criança quer.

O I-pad está contribuindo muito para essa forma de comunicação. Por ser de fácil manuseio, tamanho proporcional ao da criança e possuir aplicativos super modernos que permitem mesclar figuras e "criar a nossa própria historinha", ele tem dado novas asas à comunicação alternativa. Já está em nossos planos comprar um para a Bebel, mas neste primeiro momento ela deve mesmo é compreender cada figura que é apresentada.

Na sessão de segunda-feira, a Miryam usou o I-pad para a Bel escolher o desenho que ela queria assistir. Ela olhou para um e sua mão sem querer tocou em outro. Neste caso, ela deve assistir aquele onde sua mão tocou. Até mesmo para ela compreender que é tocando no local correto que ela vai obter aquilo que quer. Ela não ficou muito satisfeita. Na segunda tentativa, ela teve que trabalhar um pouco mais sua coordenação motora para levar a mão na figura correspondente ao desenho que ela realmente queria assistir. O cognitivo e o motor acabam mais uma vez trabalhando juntos. E o mais legal é que com o interesse da criança trabalha-se o motor de forma quase "automática".

Na mesma sessão ainda usamos o I-pad para fotografar a Bel fazendo cara de feliz (quando gosta de algo) e uma carinha meio desanimada (quando ela não gosta ou não quer algo) e eu gravei as frases de gosto e não gosto para quando ela tocar na foto ouvir a frase correspondente. Ou seja, acaba-se trabalhando visão, tato e audição para demonstrar as preferências da criança.

Sem dúvida esta nova atividade da Bel vai contribuir muito de agora em diante. Afinal de contas, ela já é uma menina prestes a completar 4 anos. E somente se comunicando conseguirá expressar o que pensa. É um novo exercício para a Bel e para nós, que aprenderemos a compreender de forma alternativa aquilo que ela deseja. Até agora as coisas eram mais ou menos na base do sexto-sentido. A partir desta nova etapa, creio que as coisas serão mais definidas e compreenderemos melhor aquilo que ela realmente deseja. Sem contar que com as mesmas figuras podemos elaborar historinhas para contar coisas passadas como, por exemplo, o que ela fez no final de semana.


2 comentários:

  1. Que bom que meu docinho caramelado com acucar ja esta aprendendo melhor a se comunicar... fico feliz.:)

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  2. Não sei se vc conhece um software brasileiro, todo em português, que transforma em "fala" desejos, sentimentos, pedidos, etc. Ele é gratuito (só se paga pelo treinamento para uso) e foi desenvolvido pelo pai de uma menina de 3 anos portadora de paralisia cerebral. Assisti uma palestra sobre ele e realmente é muito bom>

    http://www.agoraeuconsigo.org/#

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