terça-feira, 27 de abril de 2010

Centro Pediátrico da Lagoa

Os dias que se sucederam foram assim: a rotina começava cedo, aliás, ela não parava, pois mesmo a Izabel dormindo a noite inteira, as lactaristas entravam no quarto para deixar as dietas da madrugada. Sim, nessa época e até poucos meses atrás, a Bebel dormia a noite inteirinha...
Logo cedo, começavam as visitas médicas. Primeiro o médico responsável passava a visita e depois vinha nutricionista, fisioterapeuta e algumas vezes, aparecia alguma fono que estava de plantão ou que era da UTI de lá.
As visitas pessoais, dos parentes e amigos aconteciam nos momentos mais diversos. O que era bom e ruim. A pesagem acontecia em dias alternados para não se tornar uma paranóia, mas o exame de glicose era praticamente diário, pois eu tinha muito medo que a glicose dela ficasse baixo devido ao volume reduzido da dieta.
Izabel começou a se alimentar só, mas ela não dava conta de ingerir aquele volume que era inserido na sonda. Então ela perdeu um pouco de peso. E isso me preocupava muito, pois não sabia quando o peso dela ia estabilizar.
Passei por momentos muito estressantes no CPL por causa da pressão que era estar ali só por causa da sucção. Tinha muito medo.
A Deise nos visitava algumas vezes por semana e nos orientava. Mas agora, nós é que dávamos a dieta. Ela apenas manipulava a Bebel fora dos horários de refeição.
Cada ítem que ela sugeria para auxiliar na alimentação da Bebel, nós dávamos um jeito de conseguir. A Marise levou uma mamadeira com ponte de colher e nas noites que a Bebel não acordava, leia-se: todas as noites, eu ia dando a dieta por alí. Depois desencanei e entendí que se ela não acordava era porque ela não estava com fome.
O tempo no CPL foi breve. Para quem tinha ficado mais de 80 dias em uma UTI, passar duas semanas num quarto pediátrico internada com a filha não foi nada...
Sim, duas semanas foi o tempo que a Bebel demorou para voltar ao peso que ela tinha quando deu entrada no CPL. Uma vez que agora ela só se alimentava via oral, o fato de ter recuperado o peso perdido significava que mesmo ingerindo um volume reduzido de leite ela estava conseguindo se nutrir. E naquele momento, isso era o mais importante.
Sem nenhuma intercorrência e com elogios de todos os profissionais que cuidaram dela durante essas duas semanas, finalmente havia chegado o grande dia. O dia que Izabel conheceria o mundo, o seu mundo. O seu lar, doce lar que fora tão preparado para recebê-la, finalmente iria estar preenchido. No dia 29 de outubro de 2009, a minha princesa teve alta hospitalar e estava prestes a ir para a casa. O que parecia impossível depois de tantos acontecimentos inesperados, finalmente, aconteceu , como num passe de mágica! Pela manhã, quando a Dra. Maria Regina entrou no quarto e viu a bagunça de sempre disse: "Nossa, gente! Achei que eu ia entrar aqui e encontrar as malas prontas para ir embora!"
Eu e o Lídio estávamos cabreiros. Suspeitávamos que a alta hospitalar seria naquela quarta-feira, mas não quisemos nos antecipar para não cair do pedestal! Afinal, estava tudo indo tão bem...
Meu pai passou no hospital de manhã e foi a única visita que eu me lembro.
Acertamos o que tínhamos que acertar no hotel, ops, no hospital, rsrsrsrs [Várias vezes eu me referia ao hospital como hotel, vai entender...] e fomos para a nossa casinha. Nós quatro. Eu, Lídio, Izabel e a nossa querida vovó Ruth. O que era para ter acontecido no dia 22 de julho, estava acontecendo no dia 29 de outubro. E mesmo diante de tudo o que havia acontecido, estava sendo bom pra caramba!
Cada coisa tem seu tempo, seu lugar, a hora certa para acontecer. Com a gente foi assim, teve que ser assim.

Um comentário:

  1. Frase perfeita, "cada coisa tem seu tempo e lugar...". Tivemos experiências muito parecidas e tenho certeza que os piores momentos ficaram para traz, agora é seguir em frente e desfrutar dos melhores momentos ao lado de nossas filhas. Muita fé que tudo vai correr bem. Bjs

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