segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mãe de UTI. (continuação)



Mãe de UTI. Foi o que eu fui por exatos 82 dias. Dias e noites infindáveis. Tantas dúvidas, tantos medos, tanta incerteza... Cada espera para entrar no horário da visita era uma tensão. Não sabia o que me aguardava para aquele dia. Cada toque do celular ou a cada vez que cedinho ou tarde da noite eu ligava para Neotin o coração disparava. Eu não sabia quais seriam as novas...

Graças a Deus nunca tive nenhuma notícia desesperadora. Mas as piores coisas passavam pela minha cabeça, como flashes de imaginação, surtos de precipitação ou mesmo o medo do pior acontecer. A notícia mais preocupante foi quando perto de completar um mês ela fez uma apnéia. Mas eu sempre muito antenada, entendí de primeira o que levou isso a acontecer. Ela tinha acabado de ser alimentada via sonda naso gástrica e o Neuropediatra fora fazer uma avaliação neurológica ou reflexológica da Izabel. Ele a segurou pelas mãos e levantou, deixando-a cair sobre o travesseiro (acredito que para ver a sustentação de cabeça ou que movimentos ela faria). Martelou seus joelhos, cotovelos e pulsos para ver quais reflexos ela teria. Colocou uma luz para observar a visão e o acompanhamento de movimentos. E fez mais algumas coisas que não me recordo e também não pude acompanhar, pois já havia chegado ao fim a visita daquela tarde. Diagnósticos: Izabel tinha grandes alterações nos seus reflexos! Qual seria o prognóstico? Ninguém sabia dizer.

"Como doutor, o senhor não sabe dizer o que a minha filha vai ter? Ela vai ter atrasos no desenvolvimento e ter que fazer muita fisioterapia, mas como ela vai ficar, ninguém sabe!"

Nossa. Como me angustiava não saber o que seria da minha pequena.

Eu olhava nos olhos dela e acreditava tanto no seu potencial. Eu achava que tudo ia dar certo. Que não podia dar errado. E que o pior já tinha passado....

Então, recapituralndo: Izabel nasceu, foi reanimada, entubada, fez uma SAM (pneumonia derivada da aspiração de mecônio), teve convulsões, foi sedada, fez eletro não deram os piores parâmetros, mas havia focos irritativos, saiu do tubo e passou para o cpap nasal, foi para o hood (ambos facilitadores de respiração). Com uma semana acordava do coma induzido e já estava em ar ambiente. Fazia um som muuuuito baixo: a, a, a. Aos 9 dias de vida veio ao colo dos pais pela primeira vez. Com 2 semanas começou a tomar o leite materno e artificial via sonda oral ou naso gástrica. Com 3 semanas já na sala intermédiária (como nós chamávamos por ela ser a sala do meio, mas que na verdade se denominava U.T.I. Geral) chorou pela primeira vez (e graças a Deus, nunca mais parou. Coloque a boca no trombone, filhinha, você pode e deve colocar tudo para fora!). Na quarta semana, pouco antes de um mês, veio a bomba. Izabel não sugava e poderia nunca sugar. Ela não tinha o reflexo de sucção, dizia a fonoaudióloga do hospital. Como assim, há um mês eu frequentava aquele lugar todos os dias, duas vezes por dia, conversava com todos os médicos e só agora eu vinha a saber que não iria amamentar minha filha. Como ela se alimentaria? O que fazer para alimentar um ser que não suga? Como e quanto vive um bebê que não mama? Um bebê que não tem reflexo de sucção mastiga? Vixe maria, um novo mundo de questões, informações e decisões delicadas se abria para mim. Com 1 mês e um dia, se não me engano, a Bebel já estava na pré alta (ou melhor Unidade Intermediária) estável e só não era liberada para começar a sua vidinha em casa por causa da maldita sucção!

As 3 primeiras fotos foram durante a fisioterapia.

A quarta é o papai lendo o livro de orações presente de minha querida amiga, Mariana Belmont, também jornalista e blogueira. Era regra básica da visita noturna: ler pelo menos uma oração por noite para a pequena acalmar e dormir em paz!

E a última foto somos nós três juntos. Tão gostoso...

Um comentário:

  1. Querida,
    tô adorando acompanhar a linda história de vcs pelo Blog!
    Não sabia dessa sua luta. Mesmo diante de todas as dificuldades fico mto feliz em ver como vc amadureceu e formou essa família tão linda! Bebel é mesmo uma princesinha! E eu tô devendo uma visita pra vcs, eu sei! Vamos combinar!
    Saudades!
    Marianne (Pós)

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