domingo, 4 de abril de 2010

Uma nova vida começou. Vida de mãe. Mãe de U.T.I.!




Uma nova vida começou. Vida de mãe. Mãe de UTI!
Difícil passar por um parto daqueles e sair ilesa... Digo sair do mesmo jeito que entrei na sala de parto! Mudei, sim. Mudei para melhor! Graças a Izabel e a tudo que passei com ela (e por ela!). Não estou dizendo que foi bom tudo o que aconteceu, mas aconteceu e não tem como voltar atrás. Procurei tirar o melhor proveito de tudo. E, claro, isso só foi possível porque minha filha sobreviveu e melhorou a cada dia!

Logo depois de ser reanimada e de fato vir ao mundo. Logo depois de seu lindo espírito encarnar e de cinza ela ficar rosa, vermelha, segundo relatos emocionados do meu marido (que esteve presente durante todo o parto), ela foi para a UTI na incubadora, teve que ser entubada e ficar em severa observação. Era o bebê mais grave, dentre os outros vinte e poucos bebês que se encontravam nos leitos da Neotin, a UTI Neonatal do Hospital Santa Martha, em Niterói.

Preocupada, pedi ao meu marido que me esquecesse e seguisse a nossa princesa, a nossa pequena Izabel. E ele o fez, foi até aonde pode. Conversou com os médicos e voltou para mim. Eu fiquei no corredor durante algum tempo, sozinha. Como se tivesse sido esquecida. Mas tudo bem! Pelo menos ele estava com ela. Já que eu não estava e só poderia vê-la no dia seguinte. Logo fui para o quarto e a família assustada chegou. Começou a falação. As perguntas, as explicações. Eu também estava assustada. E como! Só queria saber da minha filhinha. Um pouco depois a obstetra veio ao meu quarto dar as primeiras notícias: “Ela só teve uma complicaçãozinha respiratória. Talvez tenha pneumonia. Vai ter que ficar entubada alguns dias. É linda! Um bebê perfeito”. Meu pai prontamente perguntou: “quais são os riscos neurológicos?” A médica respondeu que não havia nenhum risco de ter problema neurológico! Ela me receitou um remedinho pra dormir. Eu tomei, fiquei meio grogue. Um pouco depois o restante da equipe veio ao meu quarto e, em seguida, todos se foram. Tive uma longa conversa com meu pai e com os outros membros da família. O efeito do remédio foi-se. Já passava das 02h da manhã quando fiquei só com o meu marido. Ele só pode entrar na UTI para ver nossa pequena a essa hora. E teve pouco tempo lá dentro. Ele estava exausto. Disse que ela era linda, mas não sabia com quem se parecia. E que estava bem, sob controle. Dormindo.
Eu estava cansada, mas não conseguia dormir. Era tanta adrenalina e tanto medo que eu só conseguia falar do que tinha acontecido. Então, desabei em prantos. Acordava o meu marido de hora em hora falando da Bebel. Pedindo para ele ir vê-la. Surtando. Então me acalmei e dormi um pouquinho. Acordei cedo no dia seguinte e fui até a porta da UTI. Logo, me informaram que a visita só começaria ás 10h. Voltei para o quarto triste. Chorosa. Ouvia os choros dos bebês nos quartos ao lado e chorava alto, arrasada por não ter a minha bebêzinha ao meu lado.

Então os procedimentos do pós-parto começaram. Era um tal de enfermeira vir me ver, me medicar, olhar os pontos, colocar absorvente pós-parto, fraldas da Bebel (pois estava sangrando muito). Até fraldão geriátrico eu usei. Mas isso não vem ao caso. Me deram banho e eu me arrumei para ver a minha princesa. Quando cheguei lá tive que esperar mais um pouco, pois “os pais da Izabel ainda não podiam entrar” (deviam estar fazendo algum procedimento nela). Quando me liberaram já passava das 10h. Entrei olhando de leito em leito, sem saber quem era a minha menina. Tantos bebês e tão pequeninos. Bebês que nasceram com menos de 1kg. Era assustador. Segui mais um pouquinho e me deparei com ela. Estava bem na frente. Bem debaixo dos meus olhos. Linda, linda, linda! Não sei com ela se parecia, aliás, não sei até hoje. Ela cada hora se parece com um. Uns só sabem dizer que é a cara do pai. Outros dizem que é igualzinha a mim. O narizinho dela foi o que mais me impressionou. Tão pequeno e arrebitado. A coisa mais linda do mundo. Parecia uma pintura. A brancura de sua pele também. Como podia aquele serzinho ser tão branco?

Me espantei com sua delicadeza. Me emocionei. Tão linda, tão frágil, tão guerreira e tão cheia de equipamentos. Era tubo, sonda umbilical, acessos nas veias. Sensor de oxigênio, batimentos cardíacos, sonda vesical. Muita coisa em um pequeno bebê. Coisas necessárias. Essenciais para sua sobrevivência. Depois do impacto e da emoção do primeiro encontro, tive a primeira conversa com os médicos. Só a primeira de muitas...

A Dra. Suyen, médica responsável pela UTI, veio até mim, explicar o que estava acontecendo, o que tinha se passado e o que estava por vir. Izabel estava com os olhos vendados, pois estava sob efeito de um coma induzido e precisava ter o mínimo de esforço. Ela havia feito convulsões nas primeiras horas de vida. Era um bebê realmente muito grave por causa do trauma do parto. Ninguém sabia dizer o que tinha acontecido. Quais seriam os danos e as sequelas... Um mundo novo começava naquele momento. O mundo das informações, das explicações e das tentativas de reverter ou minimizar todos os danos. Acionamos os amigos, os amigos médicos, os amigos de amigos médicos. Todo mundo que tivesse a intenção de ajudar. Todos juntos por um só bem: a recuperação da Izabel.

Com 48h ela fez o primeiro eletroencefalograma com um renomado médico do RJ. Preocupante, pois era um exame que não dizia muita coisa. Esperançoso, pois esse exame poderia dizer tudo! Paradoxal? Sim. Dentro do contexto, tudo poderia ser paradoxal. O importante é que "existem dois parâmetros muito ruins nesse exame e nenhum dois dos apareceram no exame da Izabel", essas foram as palavras do neuropediatra especialista que a examinara, o Dr. Eduardo Zayen. Ela tinha focos de epilepsia, ou seja, áreas isoladas do cérebro apresentavam eletricidade diferente do normal e isso foi confirmado uma semana depois, quando novamente ela fez o exame com a queridíssima Malu (Dra. Maria Luiza Procópio Amado, fera das feras). Nada que não pudesse vir a ser revertido com o tempo.

Quanto às lesões em si, ainda não havia muito como saber. Ela fez um ultrasson do cérebro e havia um edema generalizado que não permitia muita clareza de imagem. Por isso, ela não fez exames mais complexos de imediato. Esperou-se um pouco e acredito que tenha sido por volta do final do primeiro mês quando ela fez a Tomografia Computadorizada do Cérebro. Apareceram algumas lesões no glóbulo frontal.

Um pouco antes, por volta da terceira semana de vida, Izabel esboçou seu primeiro choro. Foi uma alegria para mim! Até então, ela só fazia caretas e simulava estar chorando, mas não emitia som algum. Foi durante uma seção de fisioterapia. Que, aliás, ela fazia desde a primeira semana de vida. O paciente, educado e persistente Leandro a atendia duas vezes ao dia. E contribuiu muito para suas melhoras.

Com um mês Bebel chorava, não precisava de suporte algum para respirar (aliás, com menos de 10 dias já estava em ar ambiente), se mexia pouco, ainda não sugava e tinha o olhar meio perdido. Mas isso tudo vou contar no próximo post, porque já não aguento mais escrever...
As fotos:
1ª: Casal parteirando a filhota linda. Que já estava na sala intermediária da U.T.I.
2ª: Exaustos numa pizzaria, pós dia intenso de U.T.I.
3ª: O primeiro dia dos pais. Na U.T.I.

Um comentário:

  1. Parabéns pela mãe que vc é. A Izabel não poderia ter nascido sob a asa de uma mãe melhor que tu. Adorei o blog mas esta flatando uma coisa!!!! Fotos da Bebel!!!!!!!!!! FOTOS, FOTOS, FOTOS!!!! Bjs e saudades!!!

    ResponderExcluir