domingo, 18 de abril de 2010

Um novo lar...


Por volta das 10h da manhã daquela quarta-feira, finalmente, chegamos ao CPL (Centro Pediátrico da Lagoa). Eu não sabia o que fazer e muito menos para onde ir. A equipe de remoção fizera o seu trabalho e me deixara no hospital. Meu marido e minha avó ainda procuravam vaga para estacionar e eu ali, só e com a Bebel nos braços teria que dar entrada no hospital.

Izabel até então nunca tinha estado em outro lugar que não fosse uma UTI. Mal sabia sentir o vento ou ouvir os barulhos do mundo. A claridade do dia a incomodava. Ela ainda não tinha sido vacinada. E estávamos sós na recepção do hospital...
Algumas crianças estavam na emergência para ser atendidas. Assustada, eu me afastava delas, como se elas pudessem fazer mal ou infectar a minha princesa. Sempre que estamos em ambiente hospitalar o medo de bactérias e infecções ganha novas proporções.

Logo a vovó e o Lídio chegaram e nós fomos conduzidos ao nosso quarto. Era tão pequeno e de frente para uma rua que dá para a Lagoa Rodrigo de Freitas, ou seja, apesar de pequeno, nosso quarto tinha vista!

Começamos a arrumar as coisas em seus devidos lugares enquanto a minha avó contemplava a Izabel. Até então, o mais perto que todos haviam chegado era através dos vidros da Unidade Intensiva - salvo duas vezes que conseguimos o consentimento para minha mãe entrar para conhecer e se despedir da neta, pois ela estava indo trabalhar no Canadá. Foram meses de visitas diárias, realmente, se é uma coisa que eu sempre tive, essa coisa se chama FAMÍLIA e isso foi essencial para eu segurar o meu “trampo”! A minha querida vovó Ruth, com 80 anos na época, chegou a ir sozinha para a maternidade onde se situava a UTI, mais de uma vez só para dar apoio e estar perto da bisnetinha. Nesta época eu brincava, dizendo que Izabel era um mito. E era mesmo, para a família e os amigos que só podiam admirar as fotos que eram enviadas diariamente. Ponto para o mundo digital e virtual!

Um pouco mais tarde meu pai, o Marcelo, a dinda Michelle, a Marise e os meus sogros foram chegando e roubando um pouco da minha princesa para si.
Em meio às arrumações, visitas e todas as atribulações que o meu primeiro dia de mãe de verdade reservara, chegou o grande momento: a hora da primeira mamada fora da UTI, livre de sondas e aparelhagens e sem os olhos dos estranhos que pareciam controlar tudo o que nós fazíamos com a nossa filha. É claro que eu fiquei nervosa. Pedi silêncio no tribunal. Nós precisávamos da calmaria para oferecer a dieta.

Izabel devia estar com fome. Ela só tinha se alimentado antes de sair da UI. Mamou mais da metade da chuquinha. Não me recordo se foi durante ou um pouco depois desta primeira dieta que a Deise chegou. Ela conversou com a equipe médica e foi atender a Izabel. Estávamos todos felizes. Deise estava radiante com a nossa primeira vitória! Quando ela começou a trabalhar, os familiares que estavam presentes perceberam que a “chapa ia esquentar”. Izabel começou a chorar e eu a ficar nervosa. Então, paulatinamente as pessoas foram se tocando e nos deixando a sós.

A Deise nos orientou sobre as próximas mamadas e a rotina hospitalar começou a todo vapor! A cada 2he30m a lactarista (é o nome que se dá para a enfermeira que prepara, esteriliza e distribui as mamadeiras) entrava com as dietas, que aconteciam de três em três horas. As enfermeiras mediam temperatura, pesavam, tiravam a pressão e davam os remédios. Os médicos passavam visita pela manhã e alguns dias à tarde, na troca de plantão se houvesse necessidade. A fisioterapeuta atendia a Izabel pelo menos uma vez ao dia, fazia ausculta e exercícios físicos e respiratórios. O banho e a pesagem eram obrigatoriamente pela manhã, horário também que a nutricionista passava para conversar com os pais e observar a paciente. Enfim, finalmente uma equipe completa estava apta a nos dar o suporte necessário para que tentássemos livrar a nossa pequena de uma intervenção cirúrgica. Não sabíamos por quanto tempo ficaríamos ali. Mas sentíamos o amparo e a dedicação de todos para que o pior fosse evitado. E embarcamos em mais uma aventura com a nossa filhota...

Um comentário:

  1. Parabéns Bruna por ser essa mãe tão dedicada, você é um exemplo para tantas outras mães que passam pelo mesmo que você e não sabem o que fazer.
    Lindas fotos Mamãe e bebê.

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